25 March 2007

ESTUPIDEZ HUMANA

Ao ponto a que chega e estupidez humana…

ESTUPIDEZ por se permitir que se guarde armamento militar junto a áreas densamente povoadas.

ESTUPIDEZ por não se efectuar sequer um manuseamento cuidado e uma manutenção eficaz!

Dizem que a causa deste incidente foi o calor, mas ninguém acredita. Todos sabem que alguém fez asneira, mas claro que aqui a culpa morre solteira e ninguém se responsabiliza. Ao perguntarmos se o Ministro da defesa não se vai demitir, as pessoas riem, envergonhadas e desviam olhar… “aqui não se usa isso…” dizem. Não se usa!!!

Mas usa-se causar a morte a mais de uma centena de pessoas, usa-se causar o pânico entre milhares de pessoas, marcar as crianças (e não só…) com esta experiência traumática, desmembrar famílias… uma senhora dizia que perdeu o seu filho que transportava às costas na sua capulana. “Veio aquilo e tirou-mo das costas… assim…e fiquei sem ele…”. USA-SE!

Um dos funcionários do Centro saiu a correr para ir ter com a família e ver se estavam bem. Eu ainda disse: “mas vai onde, homem? Não saia daqui!” Mas ele tinha de ir ter com a sua família! É compreensível! Já não voltou. Foi atingido ainda antes de chegar a casa. A sua família não estava lá. Já tinham fugido sem saber para onde…

Porque o pior era isso mesmo. Não era uma guerra. Não era um ataque premeditado que as pessoas soubessem que estavam a atacar determinado local e pudessem fugir para outro. As armas estavam armazenadas e caíam dependendo do sítio para onde estavam viradas. Era uma espécie de roleta russa… E a incerteza de onde cairia a próxima e se explodiria ou não, era lancinante.

Agora centenas de pessoas procuram os seus familiares. Os 3 Hospitais de Maputo estão completamente caóticos, entre pessoas internadas, óbitos e pessoas numa busca desesperada pelos seus entes queridos. Dois funcionários do Centro só encontraram os filhos ontem. Como estavam na escola fugiram (a pé, claro) para Marracuene, outros para a costa do sol e só agora estavam a regressar.

E maior estupidez ainda é não se ter a capacidade de aprender com os erros cometidos. Esta foi a terceira vez que aconteceu um incidente deste género neste Paiol de Maputo, tendo, no entanto, sido a mais grave e que mais danos humanos e materiais causou. E nunca se fez nada para evitar que se voltasse a repetir. Ao responder a esta questão, o Senhor Ministro diz que desde Janeiro (data do 2º incidente) até aqui, “muito tem sido feito nesse sentido”, mas claro que não especifica exactamente o quê, muito simplesmente porque nada fizeram… Resta-nos aguardar que desta vez seja diferente, até mesmo porque como dizia um outro senhor, “o povo moçambicano é pacífico, mas também não abusem…”

17 March 2007

Novidades

Bem, parece que já passou um mês e meio…

Os dias correm sem nos apercebermos. Começamos logo com o início do dia a servir o pequeno-almoço às crianças ou aos adultos e de seguida começam logo as actividades. O dia passa a correr e depressa chegam as 15h30, hora de encaminhar os utentes (adultos e crianças) para o machibombo (autocarro) do centro que só termina a sua “ronda” por volta das 18h00.

Na passada quarta-feira fui com um dos utentes do centro, o Fenias a uma exposição de artigos artesanais efectuados por diversas instituições. Ainda conseguimos vender 3 postais… L J
Em princípio irei começar a dar aulas/explicaões de informática e Inglês (iniciação) aos utentes e a algumas crianças da comunidade.

Vou utilizar o meu computador porque o centro não tem nenhum disponível para este efeito, por isso se alguém tiver ou souber de alguém que tenha, mesmo já usado e que não precisem, dava muito jeito, também para eles irem praticando depois de partir.

Entretanto já começámos o projecto da cozinha pedagógica. Pretende-se que um determinado grupo de utentes adquiram competências nesta área para que possa servir como uma mais valia não só na manutenção do seu dia a dia, mas também para uma possível inserção no mercado de trabalho. Neste momento começámos 2 vezes por semana, um dia com uma aula teórica sobre noções básicas nesta área (higiene, terminologia específica, receitas típicas, ingredientes…) e no dia seguinte, aplicamos os conhecimentos adquiridos. Por outras palavras, vamos todos para a cozinha…J Na quinta-feira fizemos compota e geleia de goiaba que apanhámos na machamba (quinta) do Centro no dia anterior.

Na Segunda-feira fui até ao Infantário (orfanato) da Matola ter com a Irmã Isabel. Os miúdos são uns traquinas. No outro dia andavam com dois passarinhos recém nascidos e tentavam alimentá-los com arroz cru… é claro que não resultou muito bem, mas disseram que os devolveram ao ninho! Receio bem que não tenha valido de muito, mas enfim… nós lá tentámos explicar que não deveriam voltar a fazê-lo, com o respectivo “sermão” que o momento impunha. É uma realidade completamente diferente aqui do centro. Além de receber crianças com deficiência física e mental, têm também vários miúdos sem qualquer tipo dificuldades deste género e como têm aulas no próprio recinto acabam por sair daquele espaço muito poucas vezes. Por isso mesmo, e como os utentes do Centro não vêm ao fim de semana vamos aproveitar para os levar ao torneio de ténis de Maputo. Vamos de Chapa até à Matola, vamos com eles, também de Chapa para Maputo, vemos os Quartos de Final do torneio e regressamos à tarde à Matola e posteriormente às Mahotas… isto é que vai ser andar de chapa…. :)

No Domingo vamos a uma Peregrinação muito conhecida aqui da zona até Marracuene (cerca de 30Km). Assistimos lá à missa e depois regressamos de carro.

Todos os dias acontecem coisas que nos enternecem o coração. Hoje, logo de manhã, quando fui buscar o pão, olhei para o Parque Infantil e já lá estava um dos miúdos mais irrequietos com a sua pequena mochilinha. Corria e saltava de um lado para o outro com o seu sorriso esgarrado habitual e já com uma energia espantosa e a pequena mochila, coitada, lá andava a saltitar nas suas costas sem saber muito bem o que fazer e, imagino, bastante enjoada com tantos solavancos… depois, na VIA SACRA que fazemos durante a Quaresma todas as sextas-feiras antes do almoço, reparei que um dos utentes do centro de adultos (atraso mental) ia cantando e acompanhando as orações, mesmo sem conseguir verbalizar na perfeição as palavras, mas de vez em quando alguns sons faziam entender que estava de facto a rezar o Pai Nosso. Surpreendente!

15 March 2007



Lojas à beira da estrada

Assim que o carro pára, as vendedoras corrempara ver se conseguem vender a fruta..

Exposição

Com o Fenias, numa exposição dos artigos feitos pelos utentesm do CRPS das Mahotas.

Em Bilene, ja com uma capulana de praia...


Bilene

De repente aparece alguém que pede para ficar na fotografia...


Praia de Bilene


Bilene


Eclipse

O nosso primeiro eclipse visto em terras africanas...


Jardim dos Namorados


Acácia no Jardim dos namorados - Maputo

Na visita ao jardim dos namorados encontamos algumas paisagens lindíssimas, como esta acácia que espreita altivamente o oceano!