24 April 2007

Livros - "estou a pedir"

Soubemos à pouco que as encomendas afinal chegam ao destino, mas têem de vir registadas, o que talvez fique um pouco caro... mas também o que são 10 ou 12 euros para quem pode, com um gesto, levar alegria e consolação a uma amiga que está distante num continente longínquo???


P.S. : aqui não se pede directamente o que se quer (Ex: podem-me mandar um livro?). Diz-se sempre primeiro "estou a pedir" e então neste caso...

estou a pedir livros...

:)

O regresso ao pôr do sol


Eu e a Luluxa, de regresso a Maputo


Os miúdos brincam livremente e sem preocupações


A palhota onde ficámos


A vida aparece-nos assim...saborosamente




O Leme desta vez conduz-nos a uma surpresa,,,


Inhaca

Após algum tempo sem sair aqui do CRPS (Sim, porque durante a semana só saímos à segunda-feira para ir à missa na casa dos Missionários da Consolata), já sentíamos a necessidade de ir espairecer um pouco e conhecer melhor Maputo e as suas maravilhas.

Combinámos com as voluntárias que estão com as Irmãs Dominicanas ir até à bela ilha de Inhaca.

Assim foi. É de facto um lugar paradisiaco, e conseguimos recarregar bem as baterias para continuar o trabalho aqui no CRPS com ainda mais energia e entusiasmo.


O que acham destas imagens?

























07 April 2007

Pedido urgente

Preciso urgentemente de livros ou revistas (Vanda, esta é para ti!!!).

Temos algum tempo livre e já li tudo o que trouxe... (ah, e já agora adorei os dois livros do RB que alguém me deu... Obrigada)

Se alguma alma caridosa fizer o favor de enviar algo...

a morada é

Caixa Postal 2216
Maputo,
Moçambique

Eternamente agradecida... :)

Cris

via-sacra

Na sexta-feira santa organizou-se uma via-sacra em memória das vítimas do Paiol. Aqui ficam algumas imagens.









A peregrinação até marracuene! (30 KM)

domingo de ramos


Bem, mas agora é tempo de renovação da vida, da alegria e do amor, e aqui vivemos uma experiência bem diferente da Páscoa vivida no aconchego das nossas casas e família.




O próprio Domingo de ramos já foi diferente, como podem ver pelas fotos… a nossa comunidade cristã é muito activa e participa em massa nas celebrações. Aqui vemos as dezenas (Mais de 100, certamente) de crianças, cada uma com a sua folhinha de palmeira para benzer.


casa destruída

Ainda em continuação da proposta anterior, imaginem que conseguem pouco a pouco, ao longo de 20, 30 anos construir uma casa de cimento, já bastante estável e que vos proporciona um conforto considerável…imaginem agora que num dia de sol, bonito como tantos outros e que nada nos faz prever que será diferente, cai de um céu azul mágico algo que vos rouba tudo o que conseguiram construir…

Arranjariam força para voltar a sorrir???


Eu não sei.

exercício

Proponho-vos um exercício de imaginação e empatia.

Imaginem…mas imaginem a sério.

Visualizem-se a vós próprios no contexto de vida em que estão inseridos. Suponhamos que até mesmo aí em Portugal trabalham 5 dias por semana, entre 40 a 50 horas semanais. Até aqui, nada de muito surpreendente… mas imaginem mais, imaginem que no final do mês recebem cerca de 45 euros. Bem, vistas bem as coisas até pode ser uma coisa normal, se os bens essenciais forem muito mais baratos do que em Portugal ou em qualquer país europeu… afinal 45 euros dariam para comprar muitas coisas… o problema é que os bens de primeira necessidade custam exactamente o mesmo que em Portugal, e em alguns casos até mais. Um pacote de leite custa mais de 1 €, um pão (pequeno, numa situação normal daria para um pequeno almoço de uma ou duas pessoas) 0.8 €, o arroz, que aqui é vendido ás sacas de 25 kg, por ser quase a única coisa que se consegue comprar, 10€, já lá vai mais de 20% do ordenado… a fruta só se compra em dias de festa e as crianças vão crescendo com uma assustadora má nutrição, já para não falar nas mulheres gestantes… Os restantes bens são também a um preço mais ou menos equivalente ao de Portugal: a electricidade, a água (é claro que isto já é para os afortunados que têm canalização e electricidade em casa_ falo, claro dos arredores de Maputo, pois na cidade, creio que a maioria das casas já têm)… no outro dia falava com um senhor que ia comprar um frigorífico em segunda mão, pois os novos são demasiado caros… custam 12 mil meticais… e o senhor ganha 2 mil mensais… bem, e por aí fora!

E vem agora o desafio… peguem em 45 euros e tentem viver, só por uns dias, com esta quantia. Paguem as contas fixas e vejam com quanto ficam… já se estão a rir, não é verdade… pois se para muitos de vós isto nem chega para pagar a mensalidade da TV Cabo…

Bem, mas penso que já podem ter uma ideia do que será viver num país assim…

Muitas pessoas vão trabalhar para Africa do Sul, mas outras não têm outra alternativa senão continuar a dormir em esteiras sobre o chão e a morar em palhotas que alagam sempre que chove um pouquinho mais…

e ultimamente tem chovido bastante…
Na primeira segunda-feira após o dia 22 fomos, como habitualmente, à missa celebrada pelos Padres da Consolata, onde se reúnem várias congregações presentes em Maputo, mais precisamente nesta zona das Mahotas/Magoanine.

O Padre João compartilhou connosco este poema de Sofia de Mello Breyner Anderson que reflecte em muito a nossa alma naquele instante.

A alguns metros desta casa caiu um míssil onde se encontravam abrigadas 6 pessoas.

Morreram todos.


Nunca mais
A tua face será pura limpa e viva
Nem o teu andar como onda fugitiva
Se poderá nos passos do tempo tecer.
E nunca mais darei ao tempo a minha vida.

Nunca mais servirei senhor que possa morrer.
A luz da tarde mostra-me os destroçosDo teu ser.
Em breve a podridão
Beberá os teus olhos e os teus ossos
Tomando a tua mão na sua mão.

Nunca mais amarei quem não possa viver
Sempre,
Porque eu amei como se fossem eternos
A glória, a luz e o brilho do teu ser.
Amei-te em verdade e transparência
E nem sequer me resta a tua ausência.
És um rosto de nojo e negação
E eu fecho os olhos para não te ver.

Nunca mais servirei senhor que possa morrer.

(Sophia de Mello Breyner Anderson)