07 April 2007

Na primeira segunda-feira após o dia 22 fomos, como habitualmente, à missa celebrada pelos Padres da Consolata, onde se reúnem várias congregações presentes em Maputo, mais precisamente nesta zona das Mahotas/Magoanine.

O Padre João compartilhou connosco este poema de Sofia de Mello Breyner Anderson que reflecte em muito a nossa alma naquele instante.

A alguns metros desta casa caiu um míssil onde se encontravam abrigadas 6 pessoas.

Morreram todos.


Nunca mais
A tua face será pura limpa e viva
Nem o teu andar como onda fugitiva
Se poderá nos passos do tempo tecer.
E nunca mais darei ao tempo a minha vida.

Nunca mais servirei senhor que possa morrer.
A luz da tarde mostra-me os destroçosDo teu ser.
Em breve a podridão
Beberá os teus olhos e os teus ossos
Tomando a tua mão na sua mão.

Nunca mais amarei quem não possa viver
Sempre,
Porque eu amei como se fossem eternos
A glória, a luz e o brilho do teu ser.
Amei-te em verdade e transparência
E nem sequer me resta a tua ausência.
És um rosto de nojo e negação
E eu fecho os olhos para não te ver.

Nunca mais servirei senhor que possa morrer.

(Sophia de Mello Breyner Anderson)

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