Na primeira segunda-feira após o dia 22 fomos, como habitualmente, à missa celebrada pelos Padres da Consolata, onde se reúnem várias congregações presentes em Maputo, mais precisamente nesta zona das Mahotas/Magoanine.
O Padre João compartilhou connosco este poema de Sofia de Mello Breyner Anderson que reflecte em muito a nossa alma naquele instante.
A alguns metros desta casa caiu um míssil onde se encontravam abrigadas 6 pessoas.
Morreram todos.
Nunca mais
A tua face será pura limpa e viva
Nem o teu andar como onda fugitiva
Se poderá nos passos do tempo tecer.
E nunca mais darei ao tempo a minha vida.
Nunca mais servirei senhor que possa morrer.
A luz da tarde mostra-me os destroçosDo teu ser.
Em breve a podridão
Beberá os teus olhos e os teus ossos
Tomando a tua mão na sua mão.
Nunca mais amarei quem não possa viver
Sempre,
Porque eu amei como se fossem eternos
A glória, a luz e o brilho do teu ser.
Amei-te em verdade e transparência
E nem sequer me resta a tua ausência.
És um rosto de nojo e negação
E eu fecho os olhos para não te ver.
Nunca mais servirei senhor que possa morrer.
(Sophia de Mello Breyner Anderson)
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